quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Big Brother Trabalhista

Em 24 de janeiro de 2008, estive na sede do CFC – Conselho Federal de Contabilidade, em Brasília, para participar de uma reunião convocada pelo Ministério do Trabalho e Emprego.


Foram convidados representantes do CFC, CRC’s de todas as unidades da federação, FENACON, Empresas de Contabilidade e Assessoramento Filiadas aos SESCONS e SESCAPS e Empresas Desenvolvedoras de Software de Recursos Humanos.

O objetivo oficial foi “REUNIÃO TÉCNICA DE DIVULGAÇÃO DO LAYOUT DO ARQUIVO DE
CARGA - SISTEMA HOMOLOGNET”.

O Homolognet é um sistema desenvolvido pelo MTE para realizar o cálculo da rescisão de trabalho e a elaboração do TRCT, Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho.

Na prática, as empresas irão gerar um arquivo com os dados do empregador, entidades sindicais e todas as informações do empregado cujo contrato foi rescindido, como por exemplo: contrato de trabalho, férias, décimo terceiro, movimentação (transferências, afastamentos temporários), dados financeiros (que incluem os valores de cada provento ou desconto e o detalhamento de como foram calculados). O detalhamento das informações é tanto que, para em caso de empregados remunerados por produção, a empresa deve informar até os produtos, as quantidades produzidas e o valor pago por unidade produzida. Tais informações se referem aos últimos cinco anos do contrato de trabalho, em função do prazo prescricional de direitos trabalhistas.


Uma vez gerado o arquivo, ele é enviado, via internet, ao MTE que irá processar a rescisão do contrato de trabalho realizando os cálculos necessários e disponibilizando o resultado para o trabalhador, entidade sindical, empregador e outras entidades públicas.

Qual o objetivo disso? Segundo os representantes do MTE:
· Padronizar o cálculo da rescisão,
· Diminuir as demandas trabalhistas,
· Reduzir as fraudes no seguro desemprego e FGTS e
· Diminuir o custo Brasil.


O cronograma divulgado prevê três fases. A primeira será implementada em 1º de maio de 2008 (coincidentemente). Essa fase, denominada de fase piloto, impõe o uso do Homolognet a todas rescisões realizadas nas DRT’s (Delegacias Regionais do Trabalho). Segundo dados do próprio MTE, das 12 milhões de rescisões anuais “apenas” 500 mil são realizadas nas DRT’s. As demais são feitas por entidades sindicais. A segunda fase ainda não possui data definida, mas tem como objetivo incluir 100% das rescisões nesse sistema. A última fase prevê a utilização de certificado digital para envio dos dados.

Diferentemente do processo de implantação do SPED, que há uma clara aproximação do Estado no sentido de debater e construir um modelo conjuntamente com entidades de classe e empresas, o Homologanet foi enviado pelos deuses do Olimpo para execução dos mortais.


Entretanto, a principal diferença entre os processos é que no SPED há um cronograma que inclui gradativamente as empresas, começando pelas maiores. Há uma clara visão de longo prazo e uma preocupação com a exeqüibilidade do processo.

Obviamente que contadores, administradores e empresários querem menos burocracia e mais segurança jurídica para seus atos trabalhistas. Automatizar processos é um desejo de toda organização que busca eficiência.

Mas a exigência de dados históricos de até cinco anos no nível de detalhe que o sistema foi pensado eleva substancialmente o custo de processamento de uma rescisão de contrato de trabalho. Para a quase totalidade de empresas, grande e pequenas, essas informações não estão 100% disponíveis em seus sistemas de processamento de folha de pagamentos.


A maioria das empresas têm suas folhas processadas por contadores. Muitas delas trocam de escritórios contábeis em 5 anos. Várias trocam de sistemas.

Ou seja, as informações solicitadas existem, mas em papel. Quem vai resgatá-las, digitá-las e conferi-las? As empresas? Os escritórios de contabilidade?

Quem arcará com esse custo?

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Nova Carteira Profissional dos Contabilistas

O CFC - Conselho Federal de Contabilidade - já implementou a certificação digital no documento de identidade profissional dos contabilistas.

Em parceria com a FENACON e Certsign, o CFC disponibilizou um video bastante interessante que explora, de forma didática, o assunto.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Informação – Qualidade e Tempestividade


Inauguro o ano de 2008 com um artigo de Paulo Cezar Consentino dos Santos, Presidente do CRCMG. O texto sintetiza a tendência que procuro explorar em meus artigos. Aborda a relação entre gestão, informação, tecnologia, contabilidade e fisco.

Acredito que esse ano será marcado por grandes avanços no SPED, em especial na ampliação do uso da nota fiscal eletrônica. Isso, irá acelerar a tendência de profissionalização da gestão de empresas de todos os portes em nosso país.

Estes são meus votos para o novo ano: muito profissionalismo e sucesso!

"Vivemos a era da informação, a infoera, a era da tecnologia, em que o conhecimento e, por conseguinte, as informações ficam velhos muito antes de serem conhecidos por alguns. Nessas condições a informação passa a ser a moeda de troca com maior valor dentro da dinâmica do Business Word, pois, para se tomar qualquer decisão, é preciso ter informação. O que é a informação? É o conhecimento que alguém tem de uma situação.

Conhecer significa saber, com a maior precisão possível, não dados preliminares ou adjacentes, mas toda uma gama de prós e contras, desde o primeiro elo até o desenlace final da cadeia. Conhecimento implica previsão, que por sua vez implica antecipar acontecimentos. No mundo empresarial as previsões bem fundamentadas, com probabilidades, com dados estatísticos, com cenários e panoramas bem delineados, são a Key Door para o sucesso.

Todos esses ingredientes precisam ainda estar previamente e minuciosamente dissecados por um planejamento estratégico e estrutural de médio e longo prazo. Para planejar, precisamos conhecer o terreno onde estamos atuando. O conhecimento do terreno implica experiência naquele tipo de negócio, incluindo preliminares, desenvolvimento e desfecho dos acontecimentos.

Não se pode ou não se deve planejar algo sem conhecimento profundo daquele tipo de atividade, pois isso incluiria colocar em risco a possibilidade de não atingir as metas pretendidas. A utilização de dados e a interpretação de situações, considerando o “achismo”, são demasiadamente comprometedoras para as metas pretendidas. Por outro lado, o planejamento implica um acompanhamento full time das metas intermediárias que, se não passarem pelas etapas previstas, muito dificilmente irão desembocar nos resultados finais esperados.

A Contabilidade, se vista como um sistema de informação, deve obrigatoriamente atender a todos esses requisitos e situações, de forma que, ao fornecer informações para quem delas precisar, possa fazê-lo com a segurança de que os resultados produzidos são os esperados. Na área fiscal o governo, também em todos os níveis, está cuidando de melhorar a qualidade de suas informações e, para os mais afoitos, trata-se simplesmente de “fechar o cerco”. Senão vejamos: DIPJ somente eletrônica; DCTF; SINTEGRA; e-CPF; e-CNPJ; CADASTRO SINCRONIZADO; e-NF; RECEITA FEDERAL DO BRASIL; SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL – SPED, todos eles sistemas que provavelmente irão falar entre si e cruzar dados. Nós, profissionais da Contabilidade, precisamos também melhorar a qualidade de nossas informações sob o risco de ficarmos a reboque da tecnologia."