domingo, 23 de setembro de 2007

Bope, Bebel & Cultura


Fato 1:

"Tropa de Elite", primeiro longa-metragem de ficção do diretor José Padilha ("Ônibus 174"), que trata do cotidiano de oficiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar, seria lançado em novembro.

Neste mês, porém, uma versão do filme começou a ser vendida em bancas de camelô no país.

"Não temos registro de algo assim no Brasil e digo que é raro no mundo. Vemos casos em que a pirataria entra simultaneamente à estréia nos cinemas ou dois ou três dias antes dela", afirma Luiz Paulo Barreto (secretário-executivo do Ministério da Justiça).
O fato de o comércio ilegal do filme atingir simultaneamente uma rede de cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, BH e Salvador demonstra, segundo o secretário, que "a pirataria é crime organizado".
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u323878.shtml

Fato 2


"Eu tenho caráter"
José Wilker foi o primeiro a riscar o tapete vermelho. Chegou animadamente e comentou que o que mais curte no Festival do Rio é a diversidade do cardápio de filmes da mostra. De repente, o tempo fecha. "Você viu 'Tropa de elite' pirata?", quis saber um vídeo-repórter. "Eu tenho caráter e faço questão de ter. Não vi o filme. Recuso-me a aceitar a canalhice como algo normal", respondeu Wilker, visivelmente incomodado.
http://oglobo.globo.com/cultura/festivaldorio2007/mat/2007/09/20/297820627.asp

Fato 3

Pirata na casa de Gil. Uma cópia pirata do filme Tropa de elite, que foi parar na casa de Gilberto Gil, provoca o maior tititi no meio artístico.A história chegou aos ouvidos do cineasta José Padilha, que foi ao apartamento do ministro da Cultura, em São Conrado, conferir a informação.
http://gazetaweb.globo.com/gazeta/Frame.php?f=Materia.php&a=28&e=1757

Fato 4

O ministro da Cultura, Gilberto Gil, afirmou que a venda em curso de DVDs piratas do filme brasileiro "Tropa de Elite" antes de sua estréia nos cinemas, prevista para 12/10, expõe "o paradoxo entre o mercado [cultural] e o acesso [do público aos produtos]" e evidencia o fato de que "a realidade relativiza o tempo todo a questão da propriedade intelectual".
(...)

A legislação sobre direitos autorais no Brasil está consolidada na lei 9.610, de 1998. Em 2003, o presidente Lula sancionou a lei 10.695, que prevê penas de três meses a quatro anos de reclusão para crimes de violação de direitos de autor feitos com a intenção de obter lucro.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u324573.shtml

Fato 5: Resumo do Show da Vida

Bebel. É, ela mesma. A garota de programa da novela das 8. Admirada pela beleza, pelo jeito simples, pela graça, pela sinceridade, pelas trapaças...

Mentiu, roubou, participou de estelionato, seqüestro, falsidade ideológica, formação de quadrilha, e mais meia dúzia de crimes.
No entanto, o nosso querido Show da Vida de Domingo, 23 de setembro de 2007, mostrou uma reportagem onde 100% dos entrevistados esperavam um final feliz para a nossa querida Garota da Vida.

Sem falsos moralismos, cada um com sua profissão. Mas é muito sintomático escutar de uma telespectadora a frase: “ela batalha por seus objetivos, (...) é sincera, (...), é como nós!”.

Aí eu realmente tenho que concordar: há coerência. A telespectadora, o ministro da cultura, os piratas, os sonegadores, os tesoureiros, justiceiros, contrabandistas... Os fins justificam os meios!

Essa é a cultura de boa parte do nosso povo e tão bem sintetizada pela frase: "a realidade relativiza o tempo todo a questão da propriedade intelectual".

Eu diria que, na realidade, a realidade relativiza o tempo todo a questão da lei e da ética.

Leis de trânsito só valem para o carro ao lado, um suborninho não faz mal para ninguém, só tomei umas cervejinhas antes de dirigir, sonegar é preciso, uma fezinha no bicho é por brincadeira, superfaturar é sinal de esperteza, maconha não faz mal, gato em TV por assinatura é atitude de protesto, caixa dois é culpa do sistema e pirataria é cultura!

Pura cultura brasileira!

Para sorte da próxima geração, uma cultura decadente em fase de extinção graças à competência e criatividade de muita gente boa que trabalha e reinventa um país.

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